terça-feira, 21 de agosto de 2012

Stress

Eu evito escrever sobre o trabalho, mas hoje eu preciso desabafar.
Quando eu fui convocada pra trabalhar como Professor II na rede municipal do Rio de Janeiro, eu fiquei hiper feliz, mas fui avisada do quanto esse "sistema" é injusto e cruel.
Logo que eu entrei, fiquei "pipocando" de turma em turma até ser colocada na 1402, que foi pintada como uma das piores turmas do colégio. Só que ao chegar, no primeiro dia de aula, uma aluna me perguntou SE EU BATIA. Eu pensei, como assim?? Com o tempo, as crianças foram me contando as histórias deles. Professora que batia, a outra só dava palavrinhas pra eles copiarem, uma outra só deu sequência numérica. Ou seja, não havia sido dado o conteúdo programático estipulado pela SME, e muitos ainda eram analfabetos. Tanto que um aluno que já tinha seus 15 anos, me disse "Tia, eu não sei ler. Mas nem tenta, porque muitos tentaram, mas ninguém conseguiu até hoje". Daí eu percebi que as histórias que eu tinha escutado sobre o Município eram verdadeiras. As pessoas não tinham compromisso com a educação, faziam por fazer, ou realizavam o mínimo necessário. Então combinei com esse aluno que ele traria músicas que ele gostava. Baixei as músicas pela internet, levei as letras, eu alfabetizava ele e alguns outros com essas músicas que ele gostava, enquanto eu dava o conteúdo programático pros outros alunos.
No ano seguinte, eu pedi pra ficar com a mesma turma, e fiquei.
Só que era o primeiro ano do Eduardo Paes na prefeitura, eu tava noiva, me preparando pro casamento, e eu tinha duas turmas. Uma do 1º ano e essa turma, agora no 5º ano. E era o ano da Prova Brasil. Uma pressão descomunal! Todo mundo contando, querendo, sonhando com o 14º salário.
No final das contas, minha turma do 1º ano quase toda estava alfabetizada [só 4 alunos não tinham conseguido] e a minha turma do 5º ano tinha conseguido bom êxito na Prova Brasil e apenas 1 aluno estava analfabeto, e isso porque ele tinha faltado a beça, e quando ia pra escola, só queria dormir e zuar.
No ano seguinte, eu fiquei grávida. E foi aí que fui percebendo algumas coisas na escola. Eu não conseguia ter apoio quando acontecia um conflito, uma indisciplina, enquanto eu observava que várias professoras tinham esse tipo de apoio. Muitas viviam mais no "cafezinho" e no "fumódromo" do que em sala de aula, e ninguém cobrava nada dela.
Nesse ano eu estava com uma turma de 2º ano e uma turma de 4º ano. A turma de 4º ano me deixava irritada, mas nada superava a turma de 2º ano. Tive um aluno que até hoje se ele chega perto de mim, me dá vontade de chorar, um ódio que eu jamais pensei que um dia poderia sentir por alguém.
Esse aluno é completamente dispirocado, mas como não havia apoio e interesse, ele nunca foi submetido a qualquer análise psicológica ou psiquiátrica. Até que teve um dia, esse menino tentou enforcar outro colega, e eu alucinei. Saí da escola com dores pélvicas, contrações, mas fiquei bem. Um tempinho depois, dia 1º de maio, eu e Walter fomos assistir "Alice no País das Maravilhas" no Norte Shopping, e dentro do cinema eu tive descolamento de placenta. A minha médica me mandou ficar em casa de repouso por uns dias. Mas como era final de bimestre, a diretora da escola me fez ir pra lá pra fechar os conceitos das crianças. Ainda questionei se outra pessoa não poderia fazer isso, ou alguém levar as provas na minha casa, e ela foi taxativa: "Não, vc tem que vir aqui". E a idiota foi.
Sabe como é? Eu estava em estágio probatório e não havia nenhuma consideração por mim. 
Depois de um tempo voltei a trabalhar, e em julho, eu saí da escola com sangramento, e nesse dia minha bolsa se rompeu.
Nos dias que fiquei internada eu fiquei pensando naquilo tudo. Na escola, nas pessoas, e fui vendo que nada disso valia a pena. Nem a minha vida, nem a vida do meu filho foram poupadas. Não havia nenhuma consideração pela pessoa humana.
Hoje, 2 anos depois, eu fui tentar conversar, argumentar, pedir alguma estratégia já que o remédio do tratamento pra engravidar está me fazendo mal, mas NÃO, NÃO HAVIA ESTRATÉGIA, e ouvi: "Se vc não está bem, pega BIM"... 
Só que a babaca aqui precisa esperar ser chamada pra pegar a 2a matrícula na prefeitura como prof de ensino religioso, mas isso não pode ser considerado. Assim como não ser "puxa-saco", "baba-ovo" da diretora também é o motivo pra não ser "amparada".
Porque, apesar de eu gostar muito de uma colega, ela ano passado passou o ano inteiro "tomando sol de manhã" e "dormindo" a tarde, mas conseguiu privilégios.
Pode soar inveja minha, mas não é. É REVOLTA!
Eu poderia muito bem pegar uma licença agora, mas não vou. Mas eu vou fazer a minha estratégia. Meus alunos vão ficar soltos. Não vou me estressar, vou dar aula pra quem quiser assistir, e se Deus quiser, o mais breve possível eu vou estar grávida. E se eu não ficar, ano que vem eu vou na CRE pedir minha cessão pra outra escola. Vou trabalhar na China, mas cansei de ser feita de babaca por gente que só pensa em si, e não faz seu trabalho.
Porque na hora que vc precisa da diretora, da coordenadora, do agente educador pra apagar um incêndio na tua turma, ninguém está disponível, porque as diretoras não se encontram na escola ou estão no "fumódromo", a coordenadora está "sobrecarregada" e o agente educador está dando comida pras crianças. 
Como diz meu pai e meu sobrinho: TÁ TUDO ERRADO! E eu ainda tive que assinar esta merda de Pacto Carioca, que é só um instrumento pro Eduardo Paes ferrar com a minha vida. REVOLTANTE!

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